Como cuidar da minha orquídea?

Fernando Terra Manzan

O cultivo de orquídeas é aparentemente bastante complicado, porém na prática mostra-se bem simples e o trabalho aumenta quando o número de plantas aumenta rapidamente, ou seja, quanto maior o número de plantas, maiores cuidados e atenção deverão ser dispensados a cada uma delas.

O principal fator para um bom resultado no cultivo das orquídeas é o local onde estarão sendo cultivadas. O correto é tentar reproduzir o meio onde elas vivem originariamente, contudo, devido à grande quantidade de diferentes espécies cultivadas em um mesmo local, faz-se necesário a criação de um ambiente favorável a todas estas diferentes espécies, ou mesmo, quando em orquidários maiores, a criação de alguns diferentes micro climas dentro deste mesmo orquidário.

Para o sucesso no cultivo das orquídeas, outros cuidados básicos deverão ser tomados.

LUMINOSIDADE

A luminosidade é um dos mais importantes fatores para o sucesso no cultivo das orquídeas.

Diversas vezes nos questionam: "Porque minha orquídea não dá flor?" Certamente o principal fator para as orquídeas não florescerem é a falta de luminosidade. Independente do gênero ou espécie, as orquídeas necessitam de luminosidade direta para florescerem.

A falta de luminosidade não é benéfica para as orquídeas, e faz com que elas formem bulbos mais alongados e frágeis, folhas mais compridas, menos vigorosas e com colorido verde bem escuro. Porém, o principal problema causado pela falta de luminosidade é a ausência de floração.

O excesso de luminosidade ou a luminosidade direta também pode ser bastante prejudicial para as orquídeas, pois causa graves queimaduras na maioria das espécies, principalmente as de folhas mais finas e frágeis, podendo muitas vezes levar a morte. O excesso de luminosidade deixa os bulbos mais compactos e com colorido verde amarelado, e apesar das plantas florescerem quando expostas a luminosidade excessiva, devido a todos os outros problemas causados por esse excesso, certamente as plantas não proporcionarão boas florações.

Em sua maioria, as orquídeas não toleram luminosidade direta sem algum tipo de filtro ou proteção, e para manter esse equilíbrio faz-se necessário o cultivo das orquídeas em local que tenha luminosidade direta, porém filtrada. A melhor e mais correta opção é a construção de um orquidário com a tela de sombrite com pelo menos 50% de sombreamento, pois assim as plantas receberão luminosidade na medida correta.

VENTILAÇÃO

Quanto mais aerado for o local de cultivo, melhor será o desenvolvimento das plantas, principalmente porque a ventilação faz com que o substrato seque rapidamente, diminuindo assim o tempo entre uma rega e outra.

O espaço bem aerado também é de extrema importância para o controle de pragas e doenças, pois principalmente os fungos, aproveitam os locais mais quentes e úmidos para se instalarem nas plantas. O mesmo acontece com algumas pragas como as colchonilhas e os pulgões.

A ventilação também auxilia no controle da temperatura, deixando assim o local adequado para o cultivo das orquídeas. 

REGAS

A água é essencial para as orquídeas, mas ao contrário que muitos imaginam, as orquídeas não necessitam de vegetar em substrato encharcado ou mesmo estar em contato direto com a água, necessitando das regas apenas para sua subsistência.

As regas estão diretamente ligadas ao substrato utilizado e à umidade ambiente, e deverão ser feitas apenas quando o substrato estiver praticamente seco.

Substratos menos absorventes como as cascas de madeira, necessitam de regas diárias, principalmente em locais com baixa umidade do ar. Já os substratos que absorvem maior quantidade de água como a fibra de xaxim, sphagnum (musgo) e alguns outros, consequentemente permanecem molhados por um tempo maior e com isso, faz-se necessário um espaço maior entre as regas, sempre observando o estado do substrato.

Vale lembrar que as regas deverão ser feitas preferencialmente no período da noite, pois além deixar e manter as plantas molhadas por um tempo maior, já que a umidade do ar a noite é mais elevada, é nesse período que as plantas abrem os estômatos e consequentemente absorvem maior quantidade de água e nutrientes.

Outro detalhe muito importante que devemos observar com bastante rigor quando falamos em regas é o pH da água. O pH indica o potencial de hidrogênio, ou seja, se a solução é ácida ou alcalina. Para as orquídeas o ideal é que a água esteja entre 5,5 a 6,5, em uma escala que vai de 0 a 14, onde o número 0 é usado para indicar uma solução totalmente ácida e 14 totalmente alcalina.

ADUBAÇÃO

A adubação é um assunto extremamente complexo, pois além da enorme quantidade de produtos orgânicos e químicos oferecidos no mercado, cada orquidófilo faz e mantém a sua de acordo com os resultados obtidos através da observação das próprias plantas.

No geral, um tipo de adubação simples e com ótimos resultados seria a aplicação semanal de produtos químicos a base de NPK (Nitrogênio ? Fósforo ? Potássio), na dosagem de cada um dos fabricantes, alternando as formulações a cada semana. Vale lembrar que as aplicações devem ser feitas preferencialmente no mesmo dia da semana e durante a noite, para que haja maior absorção dos nutrientes.

O uso de adubos orgânicos auxilia e complementa bastante a adubação química, porém os adubos orgânicos são elaborados através de produtos de rápida decomposição como a farinha de osso, torta de mamona, cinza de carvão vegetal e alguns outros, e por isso devemos dar um espaço maior entre as aplicações deste tipo de produto, para que não tenhamos o aparecimento e o desenvolvimento de alguns tipos de fungos que aproveitam destes meios para se instalarem nas plantas.

O pH também deverá ser rigorosamente observado no momento da adubação, levando em consideração que a acidez ou alcalinidade excessiva da água no momento da adubação poderá causar a falta de condutividade de alguns nutrientes essenciais para uma perfeita vegetação das plantas, ou mesmo a toxidade pelo excesso de outros nutrientes.