PC (pura por cruza) X PO (pura de origem)

Fernando Terra Manzan

Muito tem se falado sobre os termos PO e PC no meio orquidófilo, principalmente entre os produtores e os colecionadores da Cattleya walkeriana.

Estes termos são usados exclusivamente na pecuária para indicar a pureza racial ou não de um animal. O termo PO, ou seja, puro de origem, estabelece e certifica que um animal de determinada raça não teve genética de outra raça inserida na sua produção em nenhum momento da sua genealogia. Já o termo PC, puro por cruza, estabelece que um determinado animal teve genética de outra raça inserida na sua produção.

Na pecuária existe um controle rígido de catalogação e registro destes animais, tanto PO como PC.
A impossibilidade do uso destes termos na orquidofilia pode ser explicada por inúmeros motivos, o principal deles seria que uma espécie não pode sofrer interferência de outra espécie, do mesmo ou de outro gênero, deixando assim de ser uma espécie.

Outro grande problema é a falta de catalogação e registro destes resultados, o que poderia gerar grandes problemas para as espécies, principalmente se levarmos em consideração que algumas espécies produzem descendentes morfologicamente idênticos em pouquíssimas gerações de retrocruzamentos.

O uso e a aceitação destes termos na orquidofilia seria a validação do melhoramento genético doloso das espécies.

A confusão sobre estes termos vai além dos problemas citados, pois alguns adotam o termo PO (pura de origem) para identificar plantas nativas, descobertas na natureza, desconsiderando como tal as plantas obtidas através do melhoramento entre matrizes comprovadamente puras e que na verdade seriam puras de origem da mesma forma que as nativas. Aliás, ninguém parou para pensar que o uso do termo PO exclusivamente para as nativas fere qualquer lógica, pois todas as nativas também são resultado de sementes germinadas na própria natureza através da auto-fecundação ou do cruzamento de plantas existentes naquele habitat, com a diferença que não houve a seleção de matrizes e a germinação industrial das sementes feitas pelo homem.

A orquidofilia deve partir para o uso de termos claros, simples e diretos, considerando assim os termos já estabelecidos e usados de forma global, que são simplesmente denominados por espécies e híbridos. Para destacar as plantas descobertas na natureza, simplesmente o uso do termo nativas, destacando assim não somente a sua origem, mas o desconhecimento da sua árvore genealógica que antecede o seu achado.